domingo, 26 de fevereiro de 2012

MEDIUNIDADE DE OGÃ



Ser Ogã é muito mais do que ser aquela pessoa no fundo do Terreiro, tocando músicas bonitas para as entidades, médiuns e assistentes.

Ser Ogã é participar de forma efetiva e consciente nos trabalhos. Isso exige conhecimento, concentração, responsabilidade e mediunidade. Sim, mediunidade. O Ogã também é médium, sabia? É o médium responsável pelo canto, pelo toque, pela sustentação e equilíbrio harmônico dos rituais. Diferente do que muita gente pensa, um Ogã pode incorporar, porém a sua mediunidade manifesta-se normalmente de forma diferente do restante do corpo mediúnico. Manifesta principalmente através da sua intuição, das suas mãos, braços e cordas vocais onde os Guias responsáveis pelo toque e pelos cantos imantam os seus médiuns, tal como fazem os demais, e comandam todo setor da curimba. Esses mestres da música atuam ativamente, mas de forma pouco perceptível à grande maioria dentro do ritual de Umbanda e, muitas vezes, são poucos lembrados ou sequer é conhecida a sua existência. Mas não é verdade que todos os Guias da casa saúdam “os atabaques” quando incorporados nos seus médiuns? Na realidade, eles estão saudando seus “colegas anônimos” de trabalho, a magia e força lá assentada e que se manifesta através dos seus médiuns (Ogãs) que os representam junto ao atabaque.

Porém, às vezes, essa atuação “passiva” desses guardiões do mistério do som torna-se “ativa” e acontece uma espécie de “incorporação”: o Ogã toca um ponto ou um toque por ele até então desconhecido e depois esquece-o. Isto deve-se ao fato de todos os Ogãs trabalharem de forma ativa e mediúnica em parceria com esses mentores, profundos conhecedores dos mistérios do som ou da música.

Os atabaques, quando devidamente consagrados e ativados pelos Ogãs, são verdadeiros instrumentos de auxílio espiritual, pois são capazes de canalizar, concentrar e irradiar energias que tanto podem ser movimentadas pelo próprio Ogã como pelas entidades de trabalho para os mais diversos fins.

Salve a Coroa dos Ogãs!

MAIS SOBRE NOSSOS QUERIDOS OGÃS.............


A palavra Ogã vem do Yorubá e significa Senhor da Minha Casa. O Ogã – médium responsável pelo canto e pelo toque - ocupa um cargo de suma importância e de responsabilidade dentro dos rituais de Umbanda, o conjunto de vozes e toques do atabaque ajudando nos trabalhos espirituais para que possam ser fortes e bonitos.

Também devemos observar, que o conjunto de atabaques e vozes é parte fundamental da sustentação da casa e dos trabalhos, a desarmonia no couro, pode tornar fragilizado os trabalhos e as energias da casa em dia de gira, toque ou como vocês irmãos estão acostumados a chamar em suas casas.

O responsável pelo toque, o Ogã, tem de ser bem preparado e Coroado ou Iniciado como Ogã para exercer tal função em um Terreiro, pois além de serem médiuns intuitivos, são Sacerdotes natos, aqueles que nascem com a função de falar por um Orixá, de serem um Instrumento puro dos Orixás e fazem isso através de suas mãos e cantos.

Mas observem que esta importância tem que ter muita observação com respeito à humildade do médium e uma sintonia harmônica com o dirigente da casa, pois sem esta sintonia torna-se inviável a convivência e os trabalhos. Tudo vem relacionado com a harmonização entre os pontos centrais de equilíbrio e relação pessoal.

O Ogã é um canal aberto para muitas linhas de trabalho da Umbanda que trabalham ativamente através dele, são linhas de caboclos, exus, pomba-gira, boiadeiros, crianças, etc... Que por motivos próprios trabalham nos “bastidores”, sem incorporarem ou tomarem a “linha de frente” dos trabalhos espirituais. Formam uma corrente de espíritos que auxiliam nos toques e cantos da curimba, são mestres na música de Umbanda e Candomblé, verdadeiros guardiões dos mistérios do “Som”.

Muitas são as funções que os pontos cantados têm. Primeiramente uma função ritualística, onde os pontos “marcam” todas as partes do ritual da casa. Assim temos pontos para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, chamada, subida, sustentação dos Guias e fechamento de gira.

Uma outra função importante é de emitir ondas energéticas pelo som do atabaque e pelos cantos que servem para diluir algumas energias astrais negativas que não fazem bem ao médium.

A curimba é um verdadeiro “pólo” irradiador de energia dentro do Terreiro, potencializando ainda mais as vibrações dos Orixás, ajudando os médiuns tanto na hora das incorporações, desincorporações e da firmeza de um trabalho. A curimba, por si só, emite energia suficiente capaz de descarregar um médium ou uma Casa.

Por isso a curimba deve sempre estar em sintonia com os Guias Espirituais, com os Orixás e com o Dirigente do trabalho. O Ogã deve estar sempre pronto e procurando aprender mais e mais.

Sempre com amor, pois quando vibramos de coração, os cantos atuam sobre nossos chacras, ativando os, e deixando-nos em total sintonia com a Espiritualidade Superior.

Os pontos transformam-se em “orações cantadas”, ou melhor, verdadeiras determinações de magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento Sagrado e Divino.

Poderíamos chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda, pois não é simplesmente evocar uma Divindade, mas é chamado de magia por envolver toda uma “cadeia” onde o som da curimba atua nos médiuns positivando-os e equilibrando-os. Infelizmente, não temos visto nos templos de Umbanda uma preocupação com a qualidade da curimba, ou seja, com o conjunto de vozes e toques de atabaques.

Há Casas em que os atabaques são “tocados” com tanta força que parece que os Ogãs estão descarregando sua energia e sentimentos positivos e ou negativos nos couros dos instrumentos e não é possível ouvir as letras dos pontos cantados às vezes, nem mesmo a melodia.


Curimba, é um ponto de força dentro de um Terreiro de Umbanda. Sempre enaltece nossas giras, sendo de suma importância dentro do Terreiro. Os atabaques são chamados de Ilú na nação Ketu e Ngoma na nação Angola, mas todas as nações adotaram esses nomes Rum, Rumpi e Le para os atabaques, apesar de ser denominação Jeje.No Candomblé Jeje os Ogãs são classificados como:

PEJIGAN que é o primeiro Ogã da casa Jeje. O mais velho de todos os Ogãs é geralmente o mais sábio.
RUNTÓ é o segundo, que é o tocador do atabaque Rum.
AXOGUN é um ogã de suma importância no Candomblé, pois é o responsável pela execução sacrificial dos animais votivos, e é um especialista no que faz.


No Candomblé Ketu os Ogãs são classificados como:


ALAGBÊ - O chefe dos tocadores de atabaques, os instrumentos de percussão.
OGÃ GIBONÃ - Zelador da casa de Exu, outro ogã de suma importância, pois seus conhecimentos ajudam na firmeza da casa.
OGÃ APONTADO - Pessoa apontada como possível candidato a Ogã. Equivalente ao Ogã suspenso.
OGÃ SUSPENSO - Pessoa escolhida por um Orixá para ser um Ogã, é chamado suspenso, por ter passado pela cerimônia onde é colocado em uma cadeira e suspenso pelos Ogãs da casa, significando que futuramente será confirmado e passará por todas as obrigações para ser um Ogã.

Há também outros Ogãs como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé.

No Candomblé Bantu os Ogãs são classificados como:

Tata NGanga Lumbido - Ogã guardião das chaves da casa.

Kambondos - Ogãs. Kambondos Kisaba ou Tata Kisaba - Ogã responsável pelas folhas.
Tata Kivanda - Ogã responsável pelas matanças, pelos sacrifícios animais (mesmo que axogun).
Tata Muloji - Ogã preparador dos encantamentos com as folhas e cabaças.Tata Mavambu - Ogã ou filho de santo que cuida da casa de Exu (de preferência homem, pois mulher não deve cuidar porque mulher menstrua e só deve mexer depois da menopausa, quando não menstruar mais, portanto, pelo certo as zeladoras devem ter um homem para cuidar desta parte, mas que seja pessoa de alta confiança).
Xicarangoma - O chefe dos tocadores de atabaques, os instrumentos de percussão.

O respeito que os Ogãs devem ter pela Mãe e pelo Pai é enorme pois o Ogã nada mais é que o exemplo a ser seguido na gira pelos médiuns da casa, portanto devem passar uma imagem discreta, humilde e respeitosa.

Em suma o Ogã representa o respeito, harmonia, mística, e principalmente representa a religião de forma que só ele com o fundamento da musicalidade pode agir, assim como devemos sempre lembrar que tudo é uma extensão de energia das casas, uma corrente, um elo.

Salve a Curimba! Salve o Ogã! Salve a Umbanda

Axé Irmãos.......

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